O carácter da intervenção obriga a encontrar uma solução exemplar, dando uma resposta clara ao desafio proposto, abrir o espaço do armazém a um público mais vasto e à cidade. É em busca desse desejo que toda a proposta se estrutura, mais do que construir esta, procura clarificar, repondo e recuperando todos os valores patrimoniais do conjunto. Nesse sentido, propõe-se a reposição do alçado da rua da Academia das Ciências, para a sua forma original.

Onde vários dos seus vãos – agora de peito – eram de sacada. Esta operação é essencial para aumentar a permeabilidade deste piso, até então apenas com um acesso através da entrada do museu e pisos superiores.

A revelação do interior será o mote de todo o projecto.

Aceitando que a qualidade espacial já existe, a intervenção visa manter toda a estrutura e elementos existentes. O projecto simples e humildemente potenciará essa preexistência.

A proposta, portanto, visa recuperar todos os valores patrimoniais do conjunto – exceção feita aos pavimentos que são na sua totalidade de pouca qualidade – assumindo que são estes os grandes protagonistas do novo Armazém.

Nesse sentido a resposta a todos os requisitos programáticos do concurso materializa-se numa estrutura de madeira que percorre todos os espaços do Armazém.

Nunca tocando no chão ou paredes respeitando-os numa admiração absoluta, a estrutura contorna-os sem nunca lhes tocar, numa dialéctica sensual entre o levitar em relação ao chão e um quase adossar em relação às paredes, o novo elemento paira no ar.

Tirando partido da sua leveza e elegância, a nova estrutura desenha todas as áreas de conforto, de estar, ou zonas de exposição e respectivos dispositivos, ou simplesmente áreas técnicas de suporte às actividades do armazém.